Andei um pouco pela linha ferroviária, mas a ausência da minha câmera fez com que meu primeiro impulso fosse entrar no botequim, onde poderia me esconder do mundo e tomar uma cerveja. Pensei em tudo, tudo, que ia saindo da minha mente e passando pro papel como um jorro de vômito. Tomei mais uma cerveja, acendi mais um hollywood, observando sonhos transformando-se em pesadelos e minha mente gritava, como um alarme de incêndio dentro da minha cabeça e tudo parecia terrivemente medonho e eu podia imaginar alarmes internos soando enquanto a Ku Klux Klan queimava igrejas e levava meu amor pra longe. No botequim tudo parecia sereno e calmo, o velho do balcão servia, e até as putas sorriam com espantosa sinceridade para os homens nojentos que se esfregavam nelas, mas aqui dentro estava mais difícil. Era um dia de sol, mas eu queria passar esse domingo inteiro dormindo e só acordar segunda feira, meu coração, hoje batia a contragosto. Eu era um ser humano devastado, em busca de uma dose violenta de qualquer coisa. Alguém que sentia muitas saudades, mas que precisava se afastar como se fugisse de um vício ou de alguma droga maldita. Eu só queria encontrar respostas para perguntas tão incômodas e expulsar esses pensamentos malignos que invadem a minha cabeça, onde se fundem lágrimas e sangue, mas a mão que apertaria o gatilho tremia para acender o cigarro. Fui pra casa, tomei o calmante que me vinha servindo de sonífero, já não conseguia dormir sem ele - tinha pesadelos a noite toda e acordava cansada. Entrei no banheiro e liguei o chuveiro. Chorei e deixei a água escorrer no meu corpo imóvel como se quisesse dissolver, deixando que os ferimentos que me marcavam o corpo e a alma fossem lavados. Por fim, adormeci, mas amanhã é segunda feira "e ninguém sabe o quê".
sexta-feira, 13 de maio de 2011
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