segunda-feira, 6 de junho de 2011

Espelho, espelho meu.

Sempre achei definições limitadas demais, mas acho que.. ando passando por um processo de auto afirmação.
Não gosto do formato do meu rosto, oval demais, expressão de menos. Tenho olhos até que grandes, que talvez já tenham brilhado em algum passado remoto e feliz. Agora, tenho olheiras fundas sob eles, e arroxeadas. Quase no mesmo tom de roxo do meu cabelo, quase no mesmo tom de roxo das amoras que cresceram no melhor lugar do mundo e manchou tantas vezes as pontas dos meus dedos, de um roxo quase tão suave quando às risadas que demos ali. O meu sorriso.. bom, eu sinceramente, sin-ce-ra-men-te não gosto mais dele. Aliás, deles. O sorriso "de verdade", que me remete à lembranças dolorosas, embora já tenham me dito que ele é bonito (mas eu o acho meio torto, haha. O segundo.. bom, nem deve ser um sorriso de verdade. É a porra de uma grosseria, é isso que ele é. Foi apelidado carinhosamente pelos meus amigos de "sorrizinho de desprezo" ou "sorrisinho (não) afetado". Expressão típica, descaso conhecido, Tão irritante. É quase como uma defesa pessoal que nunca funciona ou funcionou. Tenho outras manias, menos chatas e mais estranhas. Como pintar as unhas de uma só cor. Sempre. Pintando-as vezenquando de outra cor, mas apenas quando a perturbação sobe a um nível insuportável.
Às vezes, me mostro potencialmente sozinha, indo completamente só ao cinema, por não suportar companhia em um ambiente em que a escuridão já me acolhe tão bem. Potencialmente sozinha, alcoolizada, cercada de amigos , falando sobre bandas de rock pra quem ninguém dá o devido valor, numa compulsão destrutiva que visa ingerir a maior quantidade de álcool possível, esperando que alguém desse um tapa na minha cara, me fazendo acordar desse sono suicida, me arrastando pra fora dessa lama em que eu me enfiei.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Escapismo.

Eu chego em casa depois de mais um dia de procuras inúteis e coloco minha banda preferida pra tocar. Enquanto a voz do Renato Russo me acalma eu procuro pensar em tudo que tem me atormentado durante esses últimos meses e incrivelmente, eu não sinto mais um nó na garganta ao pensar em tudo o que aconteceu, nem em todas as brigas que eu tive (e tenho tido) aqui em casa. Eu nem sei se isso é bom ou ruim, mas embora nada tenha de fato mudado - no sentido literal da palavra - tudo tem melhorado.

#3

Passando pelo corredor, indo do quarto pra cozinha em busca da garrafa de café pra ajudá-la a suportar insuportáveis horas acordada e sozinha, encara o espelho do banheiro por alguns minutos. O piercing minúsculo e torto, doendo de um lado só. O cabelo desgrenhado formando quase ondas, metade solto, metade preso num coque frouxo, a parte solta meio desbotada, mas ainda assim meio roxa, num comprimento idiota que ela não suporta, quando o cabelo nem cai sobre os ombros nem fica acima deles, ridículo. Os alargadores pequenos que vêm sendo aumentados com 'fita', alargadores de oncinha que parecem estranhos à ela. Oncinha soa perua demais, fofo demais, 'colorido' demais pro rosto cada vez mais desbotado, expressão cada vez mais fria e sorriso cada vez mais hostil. Pijama rosa com coraçõeszinhos, pantufas, unhas já machucadas de tão roídas, esmalte vermelho descascado. Olhos vermelhos que provém de uma noite inteira com lentes de contato, sono, e lágrimas. Lágrimas sem explicação, que podem ser tanto de dor quanto de ódio, de felicidade ou tristeza.
De volta ao quarto, com a garrafa de café na escrivaninha e vários livros sobre a cama, olha fixamente pro modem, como se isso pudesse realmente trazer seu sinal de internet de volta, como se toda a sua vida dependesse disso. Como se ela realmente quisesse a internet de volta. Desvia o foco do olhar - como se acordasse - e começa a balançar a cabeça cantarolando uma música do Legião que toca aleatoriamente no seu media player e rabisca alguma coisa num de seus cadernos. Abre a gaveta e remexe, como se estivesse à procura de alguma coisa, e tira de lá um maço de Marlboro Azul, seu cigarro preferido. Pega a caneca verde que serve como porta lápis e cinzeiro, a enche até a metade de água e se senta no parapeito da janela do quarto. Quase 1 da manhã. Ela dá tragos rápidos e desesperados, quase como se quisesse engolir o cigarro, com a mão trêmula, de frio e de medo. Medo daquilo que o futuro possa estar reservando pra ela. O cigarro acaba, e ela ainda observa por alguns instantes o muro do corredor antes de fechar a janela e se deitar, com a cabeça coberta, chorando baixinho com medo de não ser bonita ou inteligente, pensando em mil coisas, como chá de lírio, 100 gramas de maconha ou só uma garrafa de vodca ou cerveja. Pensando em mil coisas, quaisquer coisas. Em mil formas. Quaisquer formas de sair daqui.

#2

Andei um pouco pela linha ferroviária, mas a ausência da minha câmera fez com que meu primeiro impulso fosse entrar no botequim, onde poderia me esconder do mundo e tomar uma cerveja. Pensei em tudo, tudo, que ia saindo da minha mente e passando pro papel como um jorro de vômito. Tomei mais uma cerveja, acendi mais um hollywood, observando sonhos transformando-se em pesadelos e minha mente gritava, como um alarme de incêndio dentro da minha cabeça e tudo parecia terrivemente medonho e eu podia imaginar alarmes internos soando enquanto a Ku Klux Klan queimava igrejas e levava meu amor pra longe. No botequim tudo parecia sereno e calmo, o velho do balcão servia, e até as putas sorriam com espantosa sinceridade para os homens nojentos que se esfregavam nelas, mas aqui dentro estava mais difícil. Era um dia de sol, mas eu queria passar esse domingo inteiro dormindo e só acordar segunda feira, meu coração, hoje batia a contragosto. Eu era um ser humano devastado, em busca de uma dose violenta de qualquer coisa. Alguém que sentia muitas saudades, mas que precisava se afastar como se fugisse de um vício ou de alguma droga maldita. Eu só queria encontrar respostas para perguntas tão incômodas e expulsar esses pensamentos malignos que invadem a minha cabeça, onde se fundem lágrimas e sangue, mas a mão que apertaria o gatilho tremia para acender o cigarro. Fui pra casa, tomei o calmante que me vinha servindo de sonífero, já não conseguia dormir sem ele - tinha pesadelos a noite toda e acordava cansada. Entrei no banheiro e liguei o chuveiro. Chorei e deixei a água escorrer no meu corpo imóvel como se quisesse dissolver, deixando que os ferimentos que me marcavam o corpo e a alma fossem lavados. Por fim, adormeci, mas amanhã é segunda feira "e ninguém sabe o quê".


domingo, 27 de fevereiro de 2011

#

Gosto de gente que não me rotula de menina estranha de blusa rasgada e rabiscada com letras garrafais vermelhas.

HE ATE MY HEART.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Rain, go away. Pain, go away.

Chuvoso. Assim como o meu estado de espiríto.
Tive três vezes o mesmo pesadelo e acordei chorando, encolhida na cama, morrendo de dor no estômago. 

"Eu tive um sonho ruim e acordei chorando, por isso te liguei".

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Minha menina.

Você não sabe como eu me sinto mais leve por ter mostrado esses textos pra você, mesmo. E mesmo sabendo que eu nunca vou ganhar um texto, eu precisava escrever, mais um. Seu mau humor matinal, sua chatisse e aquele sorriso de desprezo... todos os escudos que você usa pra proteger das maldades do mundo. Por baixo da sua pose de rebelde eu sei que você é tão frágil, ou até mais, que as pessoas. Eu sei que toda a dor que você sente, tudo o que você tem que aguentar, não é fácil. Mas eu estou aqui, e vou fazer o que eu puder pra você se sentir melhor. Eu sei que não é muito, mas é o que eu posso fazer. Eu preciso de você do meu lado minha menina, porque as vezes eu sinto que só você me entende. Baby, não quero que você me decepcione. Acredite, não costumo confiar nas pessoas assim, preciso saber que não vou me machucar, não dessa vez. È dificil, por que eu sei que isso vai acontecer, e mesmo assim eu cometo os mesmos erros repetidamente. Eu não falo isso pra você, mas eu sei que você vai me entender, um dia você vai entender. Por mais que eu queira acreditar que a nossa amizade vai durar pra sempre, eu só posso falar do agora, e sobre agora eu só posso dizer que eu preciso de você, mais do que você imagina. Você acabou virando meu abrigo, minha família, meu porto seguro. Não quero que isso acabe. Desde sempre, as pessoas que eu mais amava desapareceram quando eu mais precisei delas... e eu não quero que você vá embora. Minha menina, saiba que eu sempre vou estar aqui com uma garrafa de tequila e um maço de cigarros, te esperando.

(Por Isabella Bonfitto.. acho que poucas pessoas me descreveriam tão bem ♥)